AREIA MOVEDIÇA

NELLA LARSEN

Neste marco do colorismo com fortes
tintas autobiográficas, uma mulher, filha de negro e de branca, não consegue encontrar seu lugar na sociedade racista norte-americana. Primeiro livro da autora de Passando-se, adaptado para Netflix (Passing).

“Nella Larsen toca não apenas nas fraturas que fragmentavam a comunidade negra e a sociedade do norte da América, mas que ainda fissuram estes mesmos grupos e também toda a diáspora negra.” ELIANA ALVES CRUZ

Areia movediça, Nella Larsen

Era como se estivesse trancada, encaixotada, com centenas de sua raça, encerrada com aquele algo do caráter racial que sempre lhe fora inexplicável, alheio. Por que, ela exigia numa violenta revolta, deveria ser presa ao jugo desse desprezado povo Negro? De volta à privacidade de seu cubículo, foi tomada pelo ódio a si mesma. “Eles são meu próprio povo, meu próprio povo.”

Nella Larsen

Nella Larsen, filha de caribenho e dinamarquesa, passou a infância em um bairro operário branco de Chicago e a vida adulta na burguesia negra do Harlem. Publicou, em 1928, Areia movediça, e, no ano seguinte, Passando-se, sobre a tensa dinâmica entre duas mulheres legalmente negras que “passam-se” por brancas em plena Renascença do Harlem, o movimento cultural que inicialmente a renegou e do qual hoje Nella Larsen é um dos maiores expoentes. Foi a primeira negra norte-americana a ganhar o prêmio Guggenheim de literatura. Os livros lhe trouxeram fama mas também o ostracismo e ela que, em dois anos criou duas obras fundamentais, nada publicaria até sua morte, sozinha, em 1964. 

“AREIA MOVEDIÇA”

R$ 58