MADAMES
Zukiswa Wanner
Exausta de ter de ser uma supermãe para o filho, uma superamante para o marido e ainda uma superfuncionária para o chefe, Thandi enfim se assume uma madame da nova elite negra sul-africana e decide contratar uma empregada. Mas não será uma qualquer: para chocar suas vizinhas do condomínio de luxo, será uma empregada branca. Tal ato trivial desencadeia uma série de eventos que põem em questão o que é ser mulher e o que é ser negra em uma sociedade que afirma (ou finge) ter deixado para trás o machismo e o preconceito racial.
Estaria eu procurando vingança para os meus ancestrais negros ao embarcar nessa ideia de ter uma empregada branca? Não consigo deixar de sentir um certo júbilo no lado mais sombrio do meu coração, ansiosa por gritar aos brancos de classe média: “finalmente somos iguais, vocês têm uma empregada negra e eu tenho uma branca!”
Zukiswa Wanner é uma escritora e ativista cultural sul-africana nascida no Zâmbia, de pai sul-africano e mãe zimbabuense, e criada em diversos países, o que moldou sua visão de mundo. Seu romance de estreia, Madames, foi aclamado pela abordagem das dinâmicas de raça e classe na África do Sul pós-apartheid. Publicou romances, ensaios e livros infantis e atuou pelo acesso ao livro e pela difusão da narrativa africana. Em 2020, tornou-se a primeira africana a receber a Medalha Goethe, por suas contribuições para o intercâmbio cultural internacional. Vivendo entre o Quênia e a África do Sul, Zukiswa Wanner continua a desafiar os limites da literatura africana, promovendo a diversidade das narrativas e questionando perspectivas coloniais.